Fiquei curiosa com a possibilidade de haver vida inteligente e feminina nas bancas de jornais, e fui procurar a tal revista.
A capa em preto, branco e vermelho, com Angelina Jolie estampada, chama a atenção de cara. Se destaca em meio às capas multi-coloridas e tão comuns. Fiquei animada e desembolsei R$10,00 pelo exemplar.
Comecei a folhear e me deparei com propagandas dos produtos mais óbvios para ser oferecidos à mulherada: sapatos, bolsas, jóias, óculos escuros, maquiagem e absorventes. Nessa hora vi que eu não era exatamente o público alvo da revista, que tem anúncios de anéis de R$23.000,00 (com tudo isso de zero) e bolsas que custam mais que o meu guarda-roupa inteiro.
72 páginas depois já estava ficando irritada, e eis que aparece a primeira reportagem: sobre a Angelina. Para meu conforto, era a primeira de muitas (ok, não muuuuitas, mas o suficiente para não chorar pelos 10 contos gastos).
Na página 92 as coisas ficam interessantes: uma reportagem sobre a pesquisa feita para criar a identidade da revista. O plano foi entender a mulher moderna: como veêm suas vidas, quanto são estressadas, quanto gostam de ser mulher, o que mais reclamam sobre os homens (vai falar que se surpreendeu que mulheres reclamam dos homens?). Chegam a conclusão que "mulheres não querem mais ser vistas como mulherões, nem como mulherzinhas". Nessa hora, meus olhos brilharam =P
Pelo conteúdo das matérias seguintes, percebi que o excesso de propagandas de produtos de "menininha" não era contraditório com o conteúdo das reportagens inteligentes sobre livros, relacionamentos, sucesso na carreira, etc.
Confesso que antes eu era muito mais radical. Mulher que é mulher (e não bibelô) não tinha que ficar se submetendo a saltos, maquiagem e produtos para cabelo (depilar o sovaco sim. Isso é questão de higiene =P ). Mas hoje sou muito mais maleável. A mulher tem que se sentir poderosa, tanto em relação ao conteúdo quanto a aparência. Hoje acredito que há mulheres pensantes que têm silicone (e por que não?).
E acho que a Lola trabalha muito bem todos esses interesses da mulher moderna, que vão desde a cor do esmalte até filosofia.
Para os interessados em publicidade, esse quadro resume bem o perfil do público alvo:
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